terça-feira, 12 de junho de 2012

VIVA Maria Regina, Elis Rita!!!!
A separação é impossível. A semelhança indiscutível. Almas indissociáveis. E a saudade, ah a saudade, uma bandida que corroe a alma da gente. Sabe aquela saudade de algo que a gente nunca teve, mas que toma conta do nosso âmago? Foi exatamente essa nostalgia que me invadiu na tarde deste último sábado. O dia estava belo, uma linda tarde de outono. O céu aberto, claro, como se tivesse sido combinado. Eu estava ansioso, como se estivesse ali à beira da cochia, prestes a entrar em cena. Sentia o gelo tomar conta do meu estômago como se a estrela daquele dia fosse eu. A expectativa era tanta que não conseguia me concentrar em outra coisa, a não ser naquele ponto a minha frente. Enfim chegava a hora tão esperada, tão sonhada. E lá vinha ela, esvoaçando em um branco tranqüilizante do coração de qualquer amador. A primeira nota fez disparar aquele coração coletivo que gritava, aplaudia, chorava. Parecia sonho. Nem o pesar do local de outrora, incomodava mais diante da ternura que invadia nossos ouvidos, nossos sentidos, nossas almas. Era impossível conter as lágrimas, os gritos, os assovios. Um verdadeiro acontecimento ético que se imbricava pelas veredas estéticas.
As nuvens abriam um círculo no céu por onde os raios, intensos, do sol alumiavam certeiro aquela mulher, aquela menina, aquela artista, como o holofote da própria vida. Do lugar onde eu estava, único, contemplava aquele cenário de tamanha perfeição. Tenho certeza que Deus, onipresente, naquele instante parou seus afazeres para escutar aquela voz que ecoava no coração do mundo. Para contemplar a beleza que se dava naquele momento singular. Os raios do sol ainda se voltavam para baixo, insistentemente, para o palco. A cada nota, a cada gesto, a cada instante eu via o encontro, o encontro que se encarnava em materialidades distintas. Numa artista, bela, iluminada, que fazia caras, bocas, sorrisos e possibilidades de lágrimas ali no centro das atenções e de uma acanhada borboleta laranja, discreta que sobrevoava a multidão e se emocionava com os gestos de amor que via. O encontro com uma pequena bolinha de sabão que passava por cima de minha mão e subia, subia, subia e sumia na imensidão do céu. A emoção era tanta que segurar as lágrimas era difícil, creio que Deus, no centro de sua onipotência, se rendia a beleza do momento e por muito pouco, para não atrapalhar tudo, não as deixava cair sobre nós, exceto uma, um único pingo que senti repousar sobre o meu braço. Era sim uma lágrima de emoção, quiçá de agradecimento, que caía daquela nuvem rubra que estava sobre nós. Uma lágrima de Deus. Tudo era mágico, fascinante. Uma experiência extraordinária. Um evento histórico, único. No meio de tudo isso, já na despedida, os raios do sol que antes se dirigiam ao palco, agora ao som de Redescobrir, se voltavam aos céus, como uma redenção. Como se algo transcendental que estava conosco retornasse ao seu reino.
Era como se Deus recebesse toda aquela louvação. Dali do meu lugar, daquele ponto que assumi para ser só meu, para ver do ângulo que outro não veria, eu assisti a um perfeito encontro terreno e transcendental. Certamente o acontecimento mais belo que meus olhos já puderam ver, que meu corpo pode sentir e meus ouvidos ouvirem. Certamente a experiência mais emocionante, gratificante e tocante que pude presenciar. Toda a arquitetônica daquele evento, tanto esperado, tanto remarcado, tocou profundamente minh’alma, e de certo na alma de uma multidão que amam, incondicionalmente, anonimamente mãe e filha. Viva Elis.
Vira Maria. Viva sempre em nós.

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