quinta-feira, 29 de julho de 2010

Casa nova, desejos e sofás




É incrível como nos apegamos a coisas bestas.

Depois de morar cinco anos e meio (tô falando CINCO ANOS E MEIO) no alojamento da UFSCar eu consegui a minha carta de alforria, rsrs. Agora não tenho mais aquele impressão, que perdurou por CONCO ANOS E MEIO, de que estou acampando. Aluguei uma casa, simples, mas bem aconchegante junto com o Turatti (da turma do mestrado) e estamos tentando fazer deste sobrado um lar.

Primeiro cada um mobiliou seu quarto, cada qual ao seu modo, ao seu gosto, ao seu estilo e claro de acordo com nossas posses (saí do aloja mas ainda continuo um dalets, logo o quarto não ficou tipo o da Sacha (que deve ser do tamanho da nossa casa inteira, contando com a garagem e o quintal, que ódio dela).
Fui na loja e comprei uma cama de casal onde posso dormir da forma que quiser; do modo tradicional, virado de travessa, de cabeça para baixo e todas as outras formas imagináveis e o melhor no outro dia não amanheço com dores nas costas. Acho que a mulesta da escadinha da beliche que eu dormia no aloja também não ajudava muito: ow vida de cão.

Ah comprei também uma máquina de lavar, claro na porta da esperança dos pobres: CASAS BAHIA. Paguei sim com muito orgulho um boleto com 1638 parcelas, mas não importa, o que importa é que não passo mais o domingo o dia inteiro no pé de um tanque chingando até a última geração de sei lá quem...
Então com isso minha qualidade de vida se elevou: claro gente eu agora sou um homem de bens: tenho uma cama e uma máquina de lavar.

Bem, voltando ao lar.. Carlos e eu estamos conversando acerca de qual será o próximo investimento. Eita dúvida cruel: uma mesa para a cozinha ou um sofá?
Carlos como é uma pessoa mais prendada, mais profícua vota na mesa e eu preguiçoso que só a peste que sou, agora gordo que só um maialo voto com 100% de certeza no sofá. Até porque se votar na mesa terá mais espaço para colocar comida em cima e aí é que eu viro um tribufuzinho mesmo e posso concorrer ao rei momo do carnaval do ano que vem. (eu engordei 8 quilos, tô parecendo a Jabulani).

Voto no sofá e pronto, tô nem aí. Morei esse tempo inteiro no alojamento e lá não tinha sofá. Tinha com colchão rasgado, fedorento que só a bixiga, um cheiro de cachorro molhado na época de chuva e no verão um cheiro de mofo que nenhuma visita queria se sentar nele, ai minha sinusite. Depois que resolvi votar no sofá eu comecei a apreciar todos os sofares da cidade, claro que meus olhos só se voltam para aqueles que não poderão ser meus, sabe esses sofás da loja daquela figura que se veste de mulher gato, aquela mulher doida lá da Paraiba, acho que é Silvia Design? Esses mesmo das casas da novela das oito do Manuel Carlos. Aí como eu queria um deles. Percebi que todo mundo tem sofá, menos eu. Todos os dalets do mundo têm sofá menos eu. Aí ando nas ruas vendo se alguém jogou um sofá fora... esses dias passando em frente uma casa vi um sofá na garagem e me deu uma vontade de tocar a campainha para perguntar a possibilidade de uma doação, mas quando me aproximei do portão pulou de cima do sofazinho, até arrumado, um carrocho que mais parecia a besta fera... quase morri de susto rapaz. Parecia que o filho de uma quenga tava lendo meus pensamento e latia, na verdade gritava: suma daqui que esse sofá já é meu. Aí foi que eu me senti o pelo do cu do mosquito que ronda a bosta do cavalo do bandido foragido. Minino pense que vida, até o cachorro tem um sofá e eu não.

Daí resolvi contar para todo mundo meu desejo de possuir um sofá para ver se alguém tinha um para doar e sempre escuto aquelas conversas: - ai se tivesse me falado semana passada, minha mãe comprou um novo e deu o dela pra fulano. Ou então: - Eu tenho um sofá velho em casa, mas acho que você nem vai querer.

Que ódio que me dá, todo mundo troca de sofá uma semana antes de eu perguntar e o pior conseguem outra pessoa para doar antes que eu apareça.
Como sou um trabalhador... pedi para a secretária de onde faço uns bicos me chamar a semana inteira para eu juntar dinheiro e comprar esse danado. Lá é um museu que tem uns sofás (nem sei para que tantos, podiam doar um para mim) maravilhosos, umas poltronas que quando você se senta parece que elas te abraçam. Até perguntei se eles não pagariam o meu trabalho com uma delas, mas percebi que teria que fazer monitorias o ano todo para pagar somente o puff para por os pés... vida ordinária, rs. Mas também eu nem queria uma poltrona daquelas mesmo porque se tivesse ia ficar o dia inteiro sentado nelas.. ou melhor iria mandar por rodinhas para andar com ela na rua, tipo essas cadeiras de roda com motorzinho, gente é sério o negócio te abraça e você perde até as forças para se levantar, você se sente naquele comercial dda Philadelphia Cream Cheese, nas nuvens.

Então resolvi juntar o dinheiro para comprar um.. juntei e fui na loja ver os preços. Achei um barato.. mas que quando se senta tenho a nítida sensação de estar montando a cavalo em osso, sem nada... parece o selin de minha bicicleta.. mais duro do que ... (prefiro nem comentar).

Não comprei.. tô esperando para ver se alguém me doa um sofá. Se por ventura você que está lendo esse texto tem um sofá para doar pode me mandar um recado, rsrsrs, mas se sua mãe também trocou de sofá por esses dias e achou alguém ontem para doar faça o favor de nem me contar viu, porque eu já estou virado a peste com essas mães que doam seus sofás velhos para os outros e não para mim...

Aí hoje fiquei pensando: Ow meu Deus com tanta coisa acontecendo no mundo, tanta gente passando fome, tanta gente morrendo e eu desejando um sofá. Você até deve estar pensando: que menino mesquinho. Mas eu argumento: se você acha isso mesquinho, então vai morar em uma república durante cinco anos com um colchão mofado na sala para ver se você também não vai desejar um sofá lindo e maravilhoso para se espojar em cima.. dúvido que não. Faça isso e depois agente conversa.

Como agente se apega com coisas pequenas né? Aí meu Deus eu com uma dissertação para escrever e aqui escrevendo essas firulas para descrever um desejo (importante, não ria). POde ser que seja até bom eu não ter um sofá... o que seria da minha dissertação se tivesse um... ia querer me deitar toda hora, igual faço com a cama, rsrsrs, nem que fosse para ver o chato do Faustão tirando o microfone da boca das pessoas sem deixar elas falarem, o sacrifício de assistir isso valeria pois estaria estirado em meu sofá. Mas não tem problema, sempre que me dá uma vontadezinha de sentar em um sofá eu entro em algum consultório de dentista, entro no salão de cabeleleiros, na auto escola (até na auto escola tem um sofá (tudo bem que com um buraco do tamanho do mundo e com o mesmo cheiro do colchão que tinha no alojamento, rsrsr, mas tem um sofá) sabe esses lugares que têm esses sofás chiques para você sentar e esquecer da demora do atendimento, lendo uma revista caras, e aí essa minha vontade, esse meu desejo ardente de me abundar em um sofá fofinho some por uns dias.

Misericordia, acabei de reler esse texto e pensei: eu realmente não tenho o que fazer... quer dizer até tenho.. ma fico pensando na cor do sofá que um dia terei, no modelo e no estofado que decorará minha sala um dia e aí desvio meus pensamentos e não consigo fazer mais nada, só consigo pensar nesse diabo desse sofá. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk....

Xerossssssssss

8 comentários:

  1. Homem de BENS ! quero ler com calma.. quero tomar café c/ afeto nesse seu aconchego.

    CONVIDA!!! Ü

    bisousss

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  2. Querido!!
    Delicia de texto! Vou fazer uma epsquisa por aih e ver se posso te ajudar!!! haha
    Saudade demais!
    Super bjo

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  3. vc acredita que só agora eu vi seu blog. kkkkk. tá da hora, parabéns, já tá linkado no meu

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  4. kkkkkkkkkkkkkkk

    Morri de rir com seu post, Hélio!
    Olha, eu sinceramente nao sei em qual dos dois votar.
    Eu comprei uma mesa pra minha cozinha, qdo saí de uma kitnete q eu nao aguentava mais, aluguei uma casinha q eh frufru de tudo...só q a copa é enorme, e sem uma mesa ficaria muuito estranho. Comprei. Na loja cem, e não aguento mais pagar aquela bendita (12 vezes!) (este mês acaba). Quanto ao sofá, eu tbm venero muuito aqueles da CASA VERDE e cia.. Eu até tenho um aqui em casa, mas eh uma bicama, daquelas que tem mais pau do que outra coisa. E a dor nas costas eh terrivel.

    Penso assim: se for pra comprar um sofá porcaria e pagar caro (pq nas casas bahia e cia são desse estilo, cheios de pau, só pau, c nao aguenta a dor nas costas) e é caro!!!
    Compensa então pagar caro numa coisa que preste! como este sofá da foto, q parece ser beem confortavel. hehe

    Mesa dá-se um jeito! vc deve ter uma escrivaninha, sei la.
    VOTO NO SOFÁ! e dos bons!
    hehe

    Beijos
    MArina Guerra
    Graduanda em BCI UFSCar

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  5. Adorei seu texto. Ri muito e fiquei me lembrando de quando você fazia Senai e estava lendo um livro do Ariano Suassuna. Você comentou que lia no ônibus e ria sozinho e que as pessoas ficavam te olhando, curiosas. Acho que aquele humor te contaminou (no bom sentido, claro). Agora, acho que vou ler as publicações antigas, você me conquistou.
    Beijos
    Cecília Ono

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  6. AMEI SEU TEXTO!!!!!TO CONTIGO E NÃO ABRO!!!!!
    SOFÁ,SOFÁ,SOFÁ.......
    COMO É BOM VER QUE EXISTEM PESSOAS FELIZES,E DISPOSTAS A REPARTIR A POBREZA COM A GALERA!!!!
    ACHEI SEU BLOG,PROCURANDO UM SOFÁ PRA COMPRAR.......RSRSRSRSRSRSRS
    SÓ PROCURANDO SÓ......RSRSRSRSRS
    BEIJINHUS
    KARINA

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  7. Muuito legal o seu texto. Seu jeito de escrever envolve a gente quer ir até o fim. Se é pra votar, voto no sofá. Eu amo me sentar no sofá sobre uma perna dobrada. É desse jeitinho que seguro o prato ou a chávena e almoço, janto, lancho, faço uma boquinha... Aqui em casa sofá é dois em um. É sofá na certa!

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  8. Hélio, também morri de rir.
    E aí, já comprou o sofá?
    Se eu pudesse te daria um.
    O Brasil está perdendo um ótimo comediante ou cronista. Você é muito engraçado.
    Abraço.

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