terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Um brinde a vida: retorno ao mundo dos blogs


Hoje para mim foi um dia especial. Na verdade nada de especial aconteceu, mas me senti feliz por acordar (vivo) depois do sonho que tive na noite anterior. Depois de momentos comigo mesmo, pensando, refletindo, me senti um personagem de Clarice, um tanto complexo, estranho, singelo, uma mistura de cores, de sons, de um não sei o que. Senti-me a Ana procurando conforto no banco do Bonde. Me senti Ana ao olhar para o cego que mascava ciclete, e ver esse cego diante de mim, no espelho. Mas me senti feliz como a menina deitada na rede com o livro aberto, numa felicidade que era minha, só minha. Isso é estranho, mas gosto do jeito que sou, gosto desta balaio de coisas que torna esse sujeito transparente, isso que sou. Por vezes faço coisas inusitadas, só para me agradar, sobretudo quando me sinto feliz. Hoje dei um jantar para mim mesmo. Alguns amigos mangam de mim, dizem que preciso parar com isso e socializar esses jantares, mas gosto de jantar na minha companhia por vezes. É bom se dar um presente, um jantarzinho simples preparado por você mesmo, tente fazer isso, irá se sentir bem (ou não, rsrs). Hoje fiz isso.

A tarde estava maravilhosa, apesar da ameaça de chuva. Resolvi ir ao mercado comprar algo que me agradasse. Desta vez resolvi tirar do cardápio o ovo frito, apesar de ser desesperado por ovo frito, mas já o tinha comido no jantar de ontém. Gastei tudo que tinha no bolso, confesso que não era muita coisa (risos). Na volta em pleno por do sol, a chuva chegou, no começo pensei o que sempre penso: odeio chuva em horário comercial. Mas ao sentir os pingos caindo no meu rosto, a força com que escorriam pelos meus olhos e meus lábios fez com que eu não virasse a peste. Pareciam que queriam lavar minha alma, me revigorar. Naquele momento senti que a vida me abraçava com toda sua força, com toda sua alma e me lembrei de quando era criança e tomava banho de chuva lá no sertão de pernambuco (que raramente chovia). Percebi ainda como passei a odiar chuva depois que cheguei em São Paulo (com toda sua pressa). Me senti velho, em seguinda me senti de novo um menino, saudoso, deixando a chuva me molhar e segui assoviando uma cantiga de lá até em casa. Naquele momento a felicidade me invadiu de uma forma tão intensa que vinha admirando o que encontrava no caminho: um velho no ponto de ônibus, um gato fugindo da chuva, um grupo de estudantes embaixo de um toldo, tudo. Senti como a vida é feita de coisas pequenas, de cotidiano... percebi a complexidade de tudo...


Chegando comecei a preparar algo que gosto muito.

o cardápio:

Filé de frango grelhado com ervas finas
Batata gratinada no suco de laranja com alecrim e mussarela
Arroz branco ao leite
Salada de tomate e alface
Acompanhados por um Cabernet Sauvingnon Chileno 2005 ao som de Carla Bruni.

Nem sei se a combinação foi boa, mas gosto disso e foi o que deu para comprar.
Jantando sozinho no apartamento enorme e vazio que tenho passado esses dias me perguntei algo: será que sou uma pessoa solitária? Me peguei rindo sozinho e percebi que não, não sou solitário. Apesar da solidão ser uma companheira que me agrada, companheira fiel, percebi que na verdade eu me amo mais do que imaginava e adoro passar momentos desfrutando de minha companhia, sozinho, refletindo, sendo o outro que me constitui, sendo o outro que me dá acabamento. E ali diante de mim mesmo levantei a taça e brindei a vida maravilhosa que me foi presenteada, a essa vida que abraçou.

Se minha irmã visse a cena diria que sou louco, mas prefiro pensar que me pareço com um personagem de Clarice, algo assim um tanto humano. Após perceber que sou isso que sou, tão Pajeú, tão personagem real, resolvi voltar a ter um blog para contar para quem quiser ler as garatujas da minha vida, da vida de um artista anônimo que tenta viver longe de casa e se aventura neste mundo tão complexo. As garatujas de um artista que adora ovo frito e que tem fé demais na vida.

Xerossssssssssss

3 comentários:

  1. Amigo...tudo bem?
    Seja bem vindo ao mundo dos blogs...eu já sou sua seguidora!!!
    Depoisme prestigie com uma visitinha ao meu canto, me dê a honra de um minuto em minha direção!!!rsrsrsr
    Ah!!gostei do seu post, mesmo sendo um pouco longo...
    Saudades demais...
    bjos

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  2. Oie Helinhoo!
    Amei seu textoo... muito legal... imaginei vc jantando com vc mesmo e brindando a vida...
    Um dia acho que sou eu que estarei assim... e espero estar de bem com a vida como vc!
    Saudadess!!!
    Mesmo de longe sou sua eterna admiradora!!!

    Larissa Oliveira - Teresina/PI

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  3. Olha só...aos poucos, vamos conhecendo esse menino "du Ricife", meu vizinho geográfico e colega das linguagens.
    Gostei bastante do percurso narrativo, viajei. É sério, pensei nas minhas conversas comigo mesmo quando ando só, quando durmo só, quando levanto só, quando vivo só quase sempre. Oh, vida...quando acordar com alguém que amamos e poder dividir um dia de tomates secos fritos com bife e um vinho bem bão regado a boas gargalhadas? Seremos mais felizes ou apenas teremos a oportunidade de constatar que a vida só ou acompanhado dá no mesmo...
    Parabéns! Belo texto! Te sigo!

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